domingo, 9 de fevereiro de 2014

E AGORA, RAIMUNDO?



Meus amigos, hoje vou lhes contar a história de Raimundo Inocêncio, rapaz humilde, paraibano, de Bom Jesus; município com cerca de 2.500 habitantes localizado na região metropolitana de Cajazeiras, na Paraíba. Pelo que se sabe, Raimundo frequentara a escola até o quarto ano apenas, deixando os estudos de lado para trabalhar com o pai, o seu Tião.
            Já crescido, Raimundo conheceu uma turista carioca, de nome Eva, que o convidara para passar uns dias no Rio de Janeiro. Raimundo não pensou duas vezes e partiu com a moça para o tão sonhado “Rio de Janeiro”. Chegando lá, ficou encantado com a beleza das mulatas e com a simpatia do povo carioca:
            - Como tem mulher afeiçoada aqui! Exclamou com Eva.
            - O que é afeiçoada Raimundo? - Ela perguntou.
            - E tu não sabe é? É mulher bonita. Lá na minha Paraíba só tem catráia! – Ele respondeu rindo.
            - E o que diabos é isso, catráia? – Eva ainda insistia em perguntar.
            - Pra nós é mulher feia, canhão! -  Respondeu.
            - Vou te levar numa balada, Raimundo. Topa? – Perguntou Eva.
            - Balada? Isso aí é coisa do capeta! Vá de reto! Isso não é comigo não. Se você gosta dessas coisa aê, tudo bem, mas não me aperreie não. – Respondeu aos berros.
            - Não é nada disso Raimundo. – Eva não conseguia se controlar e ria muito enquanto explicava para o paraibano o que era uma balada.
            - Se é assim, eu aceito! – Disse ele entusiasmado.
            Eva levou Raimundo para a Lapa, local onde sempre ia com os amigos para se divertir nas baladas. Chegando lá, Raimundo logo avistou uma moça bem alta, loira, magra num vestido bem curto. Pensou: É hoje que me dou bem!
            - Evinha, vou dar uma volta tá?
            - Tudo bem, já encontrou alguma moça bacana? – Eva brinca.
            - Já sim! Tô de olho naquela galega ali na frente, sentada no bar. – Respondeu todo empolgado.
            - Vai fundo! Te dou todo o apoio. – Incentivou a amiga.
            Ele aproximou-se da moça e disse:
            - Boa noite, tudo bem?
            - Tudo. Ela respondeu.
            - Tava te observando de longe, você é muito bem afeiçoada sabe?
            - Hã? O que é isso, tá me xingando? - Ela perguntou já alterada.
            - Não moça. Onde eu moro, afeiçoada quer dizer bonita. – Respondeu.
            - Sabia que você não era do Rio. Com esse sotaque então... De onde você é? – Ela, mais calma, fez esta pergunta ao Raimundo.
            - Sou da Paraíba. Me chamo Raimundo. Raimundo Inocêncio. – Declarou.
            - Eu me chamo Vanessa. – A moça se apresentou. E acrescentou:
- Aqui está muito cheio; o que acha de irmos até o meu apartamento?
- Acho ótimo! Só se for agora...
E foram em direção ao apartamento da moça. Ao chegarem, começaram a se beijar no sofá. De repente, Raimundo sentiu uma coisa estranha enquanto deslizava uma de suas mãos pelo corpo da moça:
- Que porcaria é essa aqui embaixo, hein?
- Ora, você não percebeu? – Vanessa perguntou.
- Percebi o que mulher? – Perguntou indignado.
- Raimundo, eu sou homem.
E agora Raimundo?
            O cabra saiu correndo ao mesmo tempo em que xingava o travesti:
            - Filho de uma égua! Você me paga!

            E depois disso, nunca mais quis saber de voltar ao Rio de Janeiro.               

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Um pouco de Carlos Drummond de Andrade


00:00 (Versos da madrugada)



Hoje escrevo sem inspiração,
Sem ter um quê especial.
Escrevo para passar o tempo,
E brincar com vento
Do que for capaz.

Não sei porque diabos
Essa tal literatura me escolheu.
Nada tenho de bom para contar;
E enquanto as ideias não vem,
Vou versejando para disfarçar.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Feliz Ano Novo


"Foi um sonho tão forte que acreditei nele por minutos como uma realidade. Sonhei que aquele dia era Ano Novo. E quando abri os olhos cheguei a dizer: Feliz Ano Novo!
Não entendo de sonhos. Mas este me parece um profundo desejo de mudança de vida. Não precisa ser feliz sequer. Basta ano novo. E é tão difícil mudar. Às vezes escorre sangue".

Clarice Lispector, em A Descoberta do Mundo.


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Homenagem

À você, Clarice, que tanto me inspira na literatura:


Tantas noites passadas,
Folheando seus escritos,
Perdia a noção do tempo.

Seus escritos me inquietam,
Penetram no mais íntimo,
No íntimo da alma aflita
Por querer saber quem é - e não querer!

Mulher que não se importava,
Se gostavam ou não.
Queria era escrever,
Agradar, talvez sim, provável que não.

A cada página, um desafio,
Contra mim mesmo,
Contra o que nunca saberei que sou.


Escrito em 27/12/13 às 13H13.
Em homenagem ao 93º aniversário da Escritora.


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

REFLEXIO




"Conhecer-se leva tempo.
É um constante aprendizado.
Eu mesmo, até hoje, não sei quem sou.

E provavelmente você, que está lendo isto, também não".

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

AH, O NATAL...


A família em volta da mesa,
O cheirinho bom vindo do forno,
Anunciam que já é Natal.